Em novembro do ano passado, foi anunciado que Jennifer Beals também se juntaria ao elenco de O Livro de Boba Fett, a segunda série live-action de Star Wars a ser exibida no Disney+ e um spin-off do aclamado Mandaloriano. Aparecendo como uma Twi’lek chamada Garsa Fwip, a personagem real de Beals preside uma cantina popular e um estabelecimento de jogo localizado na cidade de Mos Espa, em Tatooine . Presa entre facções criminosas concorrentes após a morte de Jabba the Hutt, Garsa Fwip consegue negociar proteção para seu estabelecimento, apelidado de O Santuário, prestando homenagem a Boba Fett, que está tentando se estabelecer como sucessor de Jabba e Bib Fortuna.

Na parte de trás do sexto episódio do programa, Jennifer conversou com site Insider  sobre sua aparição no projeto, que ela descreveu como “o padrão-ouro” em termos de um ambiente de trabalho respeitoso e aberto. Jennifer também explicou como ela conseguiu trabalhar com os produtores executivos do programa, Jon Favreau e Dave Filoni, para retrabalhar alguns dos diálogos do programa que ela achou um pouco problemáticos. Revelando que originalmente os roteiros exigiam que a equipe de Fwip se referisse a ela como “mestre“, Jennifer apelou a eles para “escolher uma linguagem melhor”. Confira abaixo o comentário completo dela:

No roteiro original, meus funcionários se referiam a mim como ‘mestre’, senti que estou criando um ambiente acolhedor em meu estabelecimento, O Santuário, já que venho de um povo escravizado, talvez possamos escolher uma linguagem melhor – algo que estava mais de acordo com o espirito e a visão do lugar. E eles acharam que era uma boa ideia e mudaram para ‘madame’. Eu fiquei realmente grata por isso.

As referências à escravidão em todo o folclore de Star Wars têm desempenhado um papel importante na franquia, que remonta desde à trilogia original, que retratava Twi’leks em papéis como escravos que eram forçados a dançar para a diversão do abominável senhor do crime Jabba. Embora a existência do tráfico de escravos no universo de Star Wars, e no planeta de Tatooine em particular, continue a ser explorada com mais detalhes ao longo da trilogia prequel, recentemente se tornou um tópico de um acalorado debate público. Mais recentemente, a Disney foi criticada, por algumas partes dos fãs, por aparentemente tentar desviar a franquia de usar o nome original da nave de Boba Fett, a Slave 1.

No entanto, em vez de tentar ignorar a existência da escravidão em Star Wars, o apelo da Jennifer Beals para modificar a linguagem usada dentro do estabelecimento de seu personagem está definitivamente de acordo com as sensibilidades de uma raça que experimentou tais abusos em primeira mão. Embora alguns fãs possam inevitavelmente ver essa decisão como uma tentativa contínua da Disney de afastar a franquia de questões potencialmente e sensíveis, as objeções da Jennifer Beals fazem todo o sentido quando tomadas no contexto do personagem e do tipo de ambiente que ela estava tentando criar para si mesma e seu povo. Como a ficção científica frequentemente usada para criticar e examinar questões sociais do mundo real, a disposição de Favreau e Filoni de examinar e explorar o poder e o impacto da linguagem usada em seu universo ficcional sugere uma mudança muito maior e contínua na consciência do mundo real. O Livro de Boba Fett causará alguns impactos duradouros que continuarão a ser sentidos nos próximos anos.